Arquitetura e urbanismo (história da arquitetura, arquiteto e obra)

Através de entrevistas, a série "Diálogos Pré-Socráticos" oferece um panorama sintético de personalidades que marcaram profundamente uma época cultural do Brasil. Os livros apresentam também fotografias e biografias sobre a vida e a obra dos entrevistados.

Nascido com o século, autodidata, P.M. Bardi foi amigo de meu pai desde os tempos da "Galleria dell’Esame" de Enrico Sumaré, que ele assumira, iniciando, assim, a carreira de "marchand" e crítico para quem a arte, já se disse, não é "antiga" ou "moderna", mas somente arte.

Em 1929, funda a revista "Belvedere", da qual deu-me uma cópia (Anno 3, n.1, 1933), trinta anos depois (29 de março de 1959), pessoalmente, o poeta Ezra Pound, que esteve em contato com Bardi e, sobretudo com seu secretário Francesco Monotti (cf. Ezra Pound, Lettere 19O7-1958, Feltrinelli, Milão, 1980. págs.118-119). Aquele número da revista era ilustrado, principalmente, com desenhos satíricos de Luigi Bartolini e continha uma entrevista a Pound (Francia, Inghilterra, Italia secondo Ezra Pound) de Monotti e a tradução, feita por esse último, de um ensaio "poundiano", “Ciò che è essenziale nella litteratura”.

De 29 de dezembro de 1931 é uma carta de Pound a Bardi em ‘L’Ambrosiano" (To P.M. Bardi, quoted in his column "Busta da Roma"); um pequeno artigo, P.M. Bardi, em "il Mare" (Rapallo, 26 de novembro de 1932); uma nota em "il Mare" de 24 de dezembro de 1932 (Si annuncia un libro di P.M. Bardi) e, finalmente, a crítica, sempre em "Il Mare" (24 de fevereiro de 1934), Un magnifico libro di P.M. Bardi, no Belvedere da arquitetura italiana de hoje.

O livro era Rapporto sull’architettura (per Mussolini) (Roma, 1931). P.M. Bardi, com «Belvedere», depois de haver defendido a pintura do "Novecento" (daí a amizade com meu pai), iniciou a polêmica contra a arquitetura acadêmica, a favor de Giuseppe Terragni e Alberto Sartoris. Seu colaborador, na época, era Edoardo Persico. Com sua apaixonada defesa da arquitetura racionalista, Bardi abriu as portas à chamada "arte abstrata", cujo teórico foi Cano Belli (cf. Kn, Milão, 1935).

(Vanni Scheíwiller)

Sobre os autores

Roberto Sambonet

Pintor, ilustrador e artista gráfico italiano, estudou arquitetura na Escola Politécnica de Milão, mas interrompeu o curso devido à guerra. Lecionou desenho e pintura no IAC do Masp e dirigiu a revista internacional de arquitetura Zodiac.

Claudio M. Valentinetti

Nascido em Milão, é jornalista e tradutor, graduado em Letras Modernas com tese sobre o Cinema Novo Brasileiro. Já traduziu do espanhol e do português para o italiano obras de diversos escritores renomados e é autor de alguns livros.